quinta-feira, 7 de abril de 2011

Animal pré-histórico 'gaúcho' era herbívoro e tinha dentes-de-sabre


Espécie também possuía dentes no céu da boca.
Fóssil foi encontrado em março de 2009, na localidade de Tiaraju.

Um animal que viveu há mais de 260 milhões de anos teria sido o primeiro terápsido -ancestral
dos mamíferos - a possuir dentes-de-sabre, além de dentes parecidos com os
da capirava, mas localizados no céu da boca (palato).  O fóssil da nova espécie (Tiarajudens eccentricus)
foi descoberto por uma equipe de pesquisadores no distrito de Tiaraju, em São Gabriel, no Rio Grande do Sul.
A novidade é tema da edição desta semana da revista "Science", da Associação Americana para
Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), umas das principais publicações científicas do mundo.
O professor Juan Carlos Cisneros, da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e um dos autores
do estudo, explicou em entrevista ao G1 que este animal possui características únicas entre os
que viveram na Era Paleozoica (entre 550 milhões a 250 milhões de anos atrás). 
Ossos do Tiarajudens eccentricus mostram dente-de-sabre e dentes no interior da boca (à direita), traços que diferenciam a espécie de outros terápsidos (Foto: Cortesia Juan Carlos Cisneros)

"Não se conhece nenhum outro animal com esse tipo de dente que seja herbívoro neste período", afirma o paleontólogo. "Carnívoros com dentes-de-sabre até existiam, mas nenhum herbívoro. Pelo menos não nessa época tão distante."

Segundo os pesquisadores, a espécie descoberta no Rio Grande do Sul possuia o tamanho de uma anta e tinha dentes muito parecidos com os de uma capivara, porém localizados no céu da boca.

"A forma como esse animal triturava alimentos é muito diferente do que temos hoje. Ele mascava com o céu da boca, não tinha dentes nas margens, como nós e outros animais temos", explica o especialista.

Somente outras duas espécies de répteis conseguiam processar alimentos como oTiarajudens eccentricus na época em que ele teria vivido - entre 265 milhões a 260 milhões de anos atrás.
"Isso é uma novidade evolutiva. Provavelmente esse animal tinha uma capacidade de mastigar muito boa", diz o professor.

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